No último domingo, 18 de maio de 2025, Portugal tomou um baita susto que deixou todo mundo se perguntando: “O que tá rolando?”. A Aliança Democrática (AD), de centro-direita, comandada pelo primeiro-ministro Luís Montenegro, levou as eleições com 32,7% dos votos, mas o holofote acabou no Chega, o partido de extrema direita que chegou com tudo. Com 22,6% dos votos e 58 deputados, ele empatou com os socialistas (PS) e deu um chacoalhão no bipartidarismo que mandava no país há meio século. Agora, Montenegro está numa saia justa: sem maioria no Parlamento, ele precisa negociar com adversários para governar, enquanto a extrema direita cresce e bagunça o tabuleiro político português.
A vitória magrinha da AD e o salto do Chega, puxado pelo falante André Ventura, mostram que Portugal está sentindo a onda populista que já varreu outros cantos da Europa. Com 64,4% dos eleitores indo às urnas, ficou claro o descontentamento com corrupção, aluguéis nas alturas e imigração. Vamos mergulhar de cabeça nos impactos dessa virada, entender por que o Chega decolou e o que isso muda para os portugueses.
Por que a extrema direita virou um furacão político?
O empate do Chega com os socialistas, ambos com 58 deputados, é coisa de outro mundo para quem acompanhava a política portuguesa. Pela primeira vez em 50 anos, o vaivém entre PS e PSD (o coração da AD) perdeu o fôlego. André Ventura, líder do Chega, não segurou a empolgação: “Acabamos com o bipartidarismo!”, gritou para uma galera animada em Lisboa. O partido, que nasceu em 2019, cresceu falando o que muita gente queria ouvir: menos corrupção, controle de imigração e pulso firme na segurança.
Por exemplo, o Chega pulou de 18% dos votos em 2024 para 22,6% agora, conquistando 1,34 milhão de eleitores. Em contrapartida, os socialistas despencaram de 78 para 58 cadeiras, amargando escândalos como o que derrubou António Costa. A causa? A corrupção e a crise econômica, com aluguéis impossíveis, abriram espaço para o discurso de Ventura. Apesar disso, a AD, com 89 deputados, não tem os 116 necessários para governar sozinha.
Em resumo, a extrema direita virou uma força que ninguém pode ignorar. Montenegro, que já disse que não quer papo com o Chega, agora precisa decidir: ou faz as pazes com os socialistas, com quem não se bicam, ou cede à pressão de Ventura, que quer um lugar na mesa.
O que fez o Chega crescer tanto na extrema direita?
O sucesso do Chega não caiu do céu. André Ventura, que já foi comentarista de futebol e quase virou padre, sabe como falar com quem está de saco cheio da política tradicional. Ele bate na tecla da corrupção, da imigração e da segurança, com ideias polêmicas, como castração química para criminosos reincidentes e críticas à “ideologia de gênero”. Isso atraiu jovens e eleitores frustrados com o custo de vida.
Por exemplo, a crise habitacional, com aluguéis que devoram o salário, e a inflação foram gasolina para o voto de protesto. A população estrangeira dobrou em cinco anos, e o Chega apontou o dedo para imigrantes, culpando-os por problemas sociais. Em contrapartida, especialistas como António Costa Pinto dizem que nem todo mundo que votou no Chega é extremista — muitos só querem uma chacoalhada no sistema.
De maneira parecida, os partidos tradicionais perderam a força. O PS levou um tombo com escândalos, e a AD, mesmo vencendo, não conseguiu empolgar. Em suma, a extrema direita cresceu porque Ventura soube falar direto com quem tá cansado de promessas vazias e quer mudança, mesmo que polêmica.
Como a extrema direita complica a vida do governo?
Ganhar a eleição é uma coisa; governar é outra. A AD, com só 89 deputados, está de mãos atadas sem maioria no Parlamento. Montenegro precisa de aliados para aprovar qualquer coisa, como o orçamento de 2026, mas ele jura de pé junto que não vai negociar com o Chega, chamando suas ideias de “racistas”. O problema é que, sem o apoio dos socialistas ou de partidos menores, como a Iniciativa Liberal, o governo pode virar um carro sem motorista.
Por outro lado, Ventura não alivia. Ele quer um assento no governo e ameaça travar pautas se ficar de fora. Por exemplo, a agência DBRS já avisou que essa bagunça pode atrasar reformas, como a privatização da TAP ou a mineração de lítio. Além disso, a União Europeia tá de olho, preocupada com a extrema direita ganhando força em Portugal.
Em contrapartida, Montenegro tenta roubar eleitores do Chega, falando mais duro sobre imigração e segurança. Mesmo assim, sem maioria, ele tá dançando na corda bamba. Em resumo, a extrema direita transformou o governo numa novela: ou Montenegro faz acordos difíceis, ou Portugal pode parar no tempo.
O que a extrema direita muda na vida dos portugueses?
O avanço do Chega não é só política de gabinete — ele mexe com o dia a dia. O discurso contra imigrantes, que mira ciganos, muçulmanos e até brasileiros (que são 40% dos estrangeiros no país), já deixa o clima pesado. Por exemplo, em Lisboa, gente como Antonio Albuquerque, um senhor de 65 anos, teme que o Chega ameace a democracia, comparando Ventura a figuras como Trump.
Além disso, pautas como direitos LGBTQIA+ e políticas de inclusão podem ficar na geladeira com a extrema direita mais forte. Em contrapartida, quem vota no Chega, como jovens sem casa própria, vê Ventura como um grito contra a corrupção. Para esclarecer, o partido conquistou até o Algarve, reduto turístico, mostrando que seu discurso pega em todo canto.
De maneira semelhante, a economia sente o baque. A instabilidade pode afastar investidores e atrasar os bilhões que Portugal recebe da UE. Em suma, a extrema direita está forçando os portugueses a escolherem entre dar voz à insatisfação e proteger o jeito democrático e acolhedor do país.
Qual o futuro com a extrema direita no jogo?
O que vem pela frente em Portugal é um grande ponto de interrogação. Montenegro pode tentar governar com acordos pontuais com o PS, mas isso exige engolir sapos, já que os dois lados não se cheiram. Por outro lado, ceder ao Chega seria trair tudo que a AD prometeu na campanha, afastando eleitores moderados.
Além disso, a Europa tá de olho. Países como Itália e Hungria já abriram espaço para a extrema direita, e Portugal pode ser o próximo. Por exemplo, as eleições europeias em junho podem dar ainda mais força ao Chega, que quer eurodeputados. Em contrapartida, a abstenção caiu para 35,7%, mostrando que os portugueses estão mais ligados na política — o que pode ajudar ou piorar as coisas.
Para esclarecer, o presidente Marcelo Rebelo de Sousa agora ouve os partidos para confirmar Montenegro como premiê. Se ele não conseguir governar, novas eleições podem pintar. Em resumo, a extrema direita virou Portugal de cabeça para baixo, e o país precisa de equilíbrio para não cair num racha político que ninguém quer.