A noite de 9 de abril de 2025 ficará marcada na memória dos torcedores do Cruzeiro, mas não por um motivo de orgulho. A derrota por 2 a 1 para o Mushuc Runa, equipe equatoriana pouco conhecida, no Mineirão, pela Copa Sul-Americana, acendeu um alerta vermelho na Toca da Raposa. O revés, ocorrido em um estádio vazio devido a uma punição da Conmebol, intensificou a pressão sobre o elenco e, sobretudo, sobre Alexandre Mattos, CEO de futebol da SAF do clube. Torcidas organizadas, inconformadas com o desempenho pífio do time, ergueram a voz em protestos que ecoaram além das arquibancadas, exigindo mudanças imediatas. Em um momento delicado da temporada, o Cruzeiro enfrenta uma crise que testa a paciência da apaixonada China Azul.
O Jogo que Desencadeou a Revolta
O duelo contra o Mushuc Runa carregava uma promessa silenciosa de recomeço. Depois de um revés doloroso diante do Internacional no Brasileirão e outro tropeço na estreia da Sul-Americana contra o Unión Santa Fe, o Cruzeiro enxergava no Mineirão uma chance preciosa de reacender a esperança. A torcida, mesmo ausente, depositava ali suas expectativas mais sinceras, ansiando por um triunfo que trouxesse alívio e confiança renovada. Contudo, o que se desenrolou em campo foi uma exibição desanimadora, marcada por apatia e desconexão. Longe de inspirar, o time deixou escapar a oportunidade, mergulhando ainda mais fundo em um mar de incertezas que pesa sobre os corações celestes.
Carlos Orejuela abriu o placar para os equatorianos aos 28 minutos, aproveitando falhas defensivas. O Cruzeiro empatou com Gabigol, de pênalti, mas cedeu a virada com um gol de Bryan Bentaberry aos 78 minutos.
A torcida, mesmo ausente fisicamente, sentiu o golpe. O Mushuc Runa, com uma folha salarial dez vezes inferior à do Cruzeiro, expôs as fragilidades de um elenco caro e desorganizado. A lanterna do Grupo E, com zero pontos em dois jogos, contrasta com os investimentos de mais de R$ 200 milhões em contratações para 2025. Esse cenário transformou o Mineirão em um símbolo de frustração, e os protestos das organizadas começaram a ganhar forma ainda na madrugada pós-jogo, refletindo a indignação acumulada.
A Fúria das Organizadas
As torcidas organizadas do Cruzeiro não mediram palavras ao expressar seu descontentamento. Faixas, cânticos de revolta e mensagens nas redes sociais miraram Alexandre Mattos como o principal responsável pelo fiasco. “Fora Mattos” tornou-se um grito uníssono entre os grupos, que criticam a montagem do elenco e a falta de resultados. A gestão do dirigente, que trouxe nomes como Gabigol, Dudu e Fabrício Bruno, prometia um time competitivo, mas o que se vê em campo é uma equipe sem identidade e com falhas gritantes em todos os setores.
Além disso, os jogadores não escaparam da ira. A falta de atitude e os erros individuais na partida contra o Mushuc Runa alimentaram a percepção de que o grupo não corresponde às expectativas. Um representante de uma organizada declarou em entrevista a um portal esportivo que “o time não tem garra, e a diretoria não tem competência”. A pressão das ruas agora se soma às cobranças internas, com relatos de que Pedro Lourenço, dono da SAF, planeja uma reunião emergencial com o elenco e a comissão técnica. A crise, portanto, ganha contornos ainda mais intensos, exigindo respostas rápidas.
Alexandre Mattos no Centro do Furacão
Alexandre Mattos, figura central na gestão do futebol celeste, enfrenta seu momento mais delicado desde o retorno ao Cruzeiro em 2024. Antes celebrado pelos títulos brasileiros de 2013 e 2014, ele agora carrega o peso das críticas pela atual campanha. A derrota para o Mushuc Runa amplificou as contestações sobre suas escolhas no mercado. Contratações de alto custo, como a de Gabigol, não entregaram o retorno esperado, e a ausência de um padrão tático sob o comando de Leonardo Jardim reforça a narrativa de um planejamento falho.
A torcida lembra de declarações antigas de Mattos, como quando afirmou que, em sua gestão, o clube não passaria “vergonha” em clássicos regionais. Hoje, o contraste é evidente: o Cruzeiro não só perdeu a chance de disputar a final do Mineiro como acumula vexames em competições nacionais e continentais. A pressão sobre o dirigente cresce, e especulações sobre sua saída já circulam entre os corredores da Toca. No entanto, até o fim da tarde de 10 de abril, nenhuma decisão oficial veio à tona, o que só aumenta a ansiedade dos torcedores.
O Elenco Sob Escrutínio
O elenco do Cruzeiro, repleto de nomes badalados, também não escapa do julgamento. A derrota para o Mushuc Runa expôs problemas crônicos: uma defesa vulnerável, um meio-campo sem criatividade e um ataque dependente de lances isolados. Jogadores como Cássio, que lamentou o 13º jogo seguido sofrendo gols, e Matheus Henrique, substituído por lesão no primeiro tempo, simbolizam as dificuldades do time. A torcida cobra mais entrega, enquanto analistas apontam a falta de entrosamento como um obstáculo central.
Leonardo Jardim, técnico português, também está na berlinda. Com apenas uma vitória em sete jogos oficiais, seu trabalho é questionado. A sequência negativa — incluindo derrotas para adversários teoricamente mais fracos — coloca em xeque sua capacidade de liderar o grupo em meio à turbulência. A pressão sobre os jogadores e a comissão técnica reflete um desejo coletivo de mudança, mas o caminho para a recuperação parece nebuloso diante do calendário apertado e da crise instalada.
Um Futuro Incerto na Temporada
A derrota para o Mushuc Runa não é apenas um tropeço; ela sinaliza um momento crítico para o Cruzeiro em 2025. Na Sul-Americana, o time precisa de uma reação imediata para evitar uma eliminação precoce. No Brasileirão, a próxima partida contra o São Paulo, no dia 13 de abril, será outro teste de fogo. A torcida, mesmo proibida de entrar no Mineirão, planeja ações para recepcionar a delegação e manter a pressão por resultados.
O clube vive um paradoxo: um investimento milionário que não se traduz em vitórias. A história do Cruzeiro, marcada por glórias, contrasta com o presente de incertezas. Enquanto as organizadas clamam por mudanças, Alexandre Mattos e o elenco carregam o desafio de reverter a maré negativa. A China Azul, conhecida por sua paixão, agora espera que a revolta nas ruas se transforme em força dentro de campo. O futuro, por ora, permanece uma incógnita, mas a cobrança só aumenta.