O ex-presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira que Israel aceitou parar as ofensivas em Gaza por 60 dias. Segundo ele, o entendimento ainda precisa ser apresentado formalmente ao Hamas, que deve dar uma resposta nos próximos dias. O anúncio foi feito num evento em Nova Jersey, onde Trump tem intensificado aparições públicas, de olho na disputa pela Casa Branca no ano que vem.
A fala colocou Trump novamente no centro do debate internacional. Para o republicano, retomar protagonismo nas negociações do Oriente Médio é uma forma de reforçar seu histórico político. Apesar disso, diplomatas e analistas enxergam o cenário com mais cautela. Ainda não está claro se o Hamas aceitará as condições, nem quais garantias foram dadas até agora.
Um avanço incerto para o cessar-fogo em Gaza
Durante o encontro, Trump se disse confiante. Afirmou ter articulado pessoalmente para que Israel aceitasse a pausa nos ataques, que duraria dois meses. A ideia seria criar um ambiente menos tenso, facilitando conversas mais amplas entre os envolvidos. O Hamas, no entanto, não se pronunciou oficialmente.
Especialistas ouvidos por veículos europeus avaliam que o grupo pode reagir com desconfiança. Nas últimas semanas, bombardeios israelenses atingiram zonas residenciais em Gaza, aumentando o temor e o ressentimento local. Ou seja, mesmo com a proposta na mesa, a adesão não é garantida.
Além disso, fontes próximas ao ex-presidente revelaram que o Hamas deve receber o texto com os detalhes ainda nesta semana. Há expectativa de que, ao menos, sinalize disposição para dialogar. Enquanto isso, a população civil vive um dia a dia de apreensão. Em resumo, o possível acordo depende de vários fatores que fogem do controle dos negociadores americanos.
Três pontos ainda emperram o entendimento: a quantidade de prisioneiros palestinos que Israel poderia libertar, o volume de ajuda humanitária permitido a entrar em Gaza e como ficariam projetos para reconstruir hospitais e escolas.
Ano | Faturamento do setor militar (bilhões US$) | Conflitos ativos na região |
---|---|---|
2021 | 73 | 5 |
2022 | 78 | 7 |
2023 | 84 | 8 |
Portanto, o anúncio feito por Trump carrega muito mais incertezas do que vitórias concretas.
Trump tenta se reposicionar usando o conflito
O ex-presidente americano tem buscado reassumir o papel de grande articulador global, algo que explorou bastante durante seu mandato. Relembra com frequência os acordos que intermediou entre Israel e países árabes, em especial o chamado Abraham Accords. Agora, tenta mostrar que ainda tem força para influenciar o tabuleiro internacional.
Essa estratégia tem efeitos internos. Trump usa o tema para criticar o governo Biden, dizendo que o democrata é “fraco” e não conseguiu conter a escalada dos ataques. De quebra, agrada parte do eleitorado conservador, tradicionalmente alinhado a Israel. Ou seja, não é só diplomacia. Há cálculo político claro.
Apesar disso, autoridades israelenses se mostraram mais discretas. Não negaram que existam conversas avançadas, mas preferiram não cravar qualquer compromisso público. Do mesmo modo, governos europeus pediram cuidado para não alimentar expectativas que podem frustrar a população civil.
Três ganhos políticos que Trump tenta extrair: reforçar sua imagem de líder firme, enfraquecer o discurso de Biden e conquistar votos pró-Israel nos EUA.
Posição de Trump | Impacto interno nos EUA | Leitura global |
---|---|---|
Diz que negociou | Movimenta base eleitoral | Europa observa com ressalvas |
Relembra acordos | Traz memória de gestão | ONU mantém vigilância |
Cobra Biden | Polariza o debate | Irã segue atento |
Em resumo, Trump tenta capitalizar o momento, mesmo sem garantias de que o cessar-fogo saia do papel.
Israel, Hamas e a desconfiança que persiste
Em Israel, a reação foi dividida. Setores mais duros temem que o Hamas use o período de trégua para reorganizar grupos armados e reforçar estoques de foguetes. Já líderes que defendem a moderação enxergam na pausa uma chance para reduzir a pressão internacional e talvez até caminhar para pactos mais longos.
Do lado palestino, organizações humanitárias relatam que Gaza vive o pior momento em décadas. Hospitais operam no limite, a rede de energia é frágil e a escassez de alimentos se agravou. Por isso, há quem veja no cessar-fogo uma esperança para aliviar ao menos parte do sofrimento. Mesmo assim, muitos desconfiam do alcance real do que foi prometido.
Além disso, países do Golfo, como Qatar e Emirados Árabes, já sinalizaram interesse em mediar as tratativas. O Irã, aliado do Hamas, deixou claro que qualquer acordo precisa garantir direitos históricos do povo palestino, sinalizando que o terreno para consenso segue instável.
Três pontos críticos para o dia seguinte: reconstruir o que foi destruído, impedir novos ataques durante a trégua e dar segurança para ONGs atuarem no local.
Situação em Gaza | Antes do possível acordo | O que se espera com cessar-fogo |
---|---|---|
Saúde precária | Hospitais sem remédios | Entrada de insumos urgentes |
Educação parada | Escolas destruídas | Retorno gradual de aulas |
Infraestrutura | Água e luz instáveis | Apoio externo para reparos |
Portanto, mesmo que o cessar-fogo avance, o caminho para normalidade será longo.
O próximo passo depende do Hamas e do tempo
Agora, o que vai realmente definir o destino desse cessar-fogo é a postura que o Hamas vai adotar diante da proposta. Caso o grupo dê sinais de que está disposto a sentar para conversar, surge aí uma rara oportunidade de diálogo, algo que há muito tempo parece fora do alcance no Oriente Médio. Uma abertura como essa poderia aliviar, ainda que por pouco tempo, o peso que tantas famílias carregam diariamente na região. Por outro lado, se o Hamas recusar até mesmo discutir os termos colocados à mesa, a tensão deve seguir no mesmo nível alto — ou pior. Trump, claro, deve usar qualquer negativa para reforçar o discurso de que só ele teria a firmeza necessária para lidar com o conflito e obrigar os dois lados a um entendimento.
Além disso, existe um temor bastante concreto entre diplomatas e organizações humanitárias: que um cessar-fogo limitado a 60 dias acabe servindo apenas como uma espécie de pausa técnica. Uma trégua curta, que não atinge o cerne das questões que alimentam o ódio e a violência há tantas décadas. Em resumo, o Oriente Médio continua em um doloroso compasso de espera. As famílias, tanto israelenses quanto palestinas, seguem tentando tocar a vida com medo do próximo ataque. Elas alimentam uma esperança frágil de que, desta vez, a promessa de um entendimento não acabe virando só mais uma decepção.
Portanto, mesmo com o otimismo que Trump tenta vender em seus discursos, a realidade no terreno mostra algo bem diferente. Há muito o que costurar, muitas feridas abertas e desconfianças profundas que não desaparecem de um dia para o outro. Diplomatas experientes, trabalhadores de ONGs que convivem diariamente com o sofrimento e cidadãos comuns, que já viram tantas tentativas falharem, sabem que nesse conflito as promessas são fáceis de fazer — mas extremamente difíceis de cumprir.