Abril Vermelho: MST Une Forças com o Povo por uma Reforma Agrária Viva – Clube da Bola
Pular para o conteúdo

Abril Vermelho: MST Une Forças com o Povo por uma Reforma Agrária Viva

Plantando Esperança por Terra e Justiça

MST

No dia 6 de abril de 2025, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deu o pontapé inicial para o Abril Vermelho, uma jornada que pulsa com a força de um Brasil mais justo. Neste mês, o movimento lança uma campanha nacional para conquistar o apoio popular à reforma agrária, uma causa que carrega sonhos antigos e necessidades urgentes. Além das tradicionais marchas e ocupações, o MST aposta em ações educativas, buscando tocar o coração da sociedade com a ideia de que a terra, quando bem dividida, pode alimentar a todos. Esse esforço reflete a memória do Massacre de Eldorado dos Carajás, em 1996, e a luta incansável por um país onde a fome não tenha espaço. Vamos caminhar por essa história que entrelaça resistência, solidariedade e o desejo de um futuro mais humano.

Anúncios

Uma Campanha que Brota do Chão Brasileiro

O Abril Vermelho começou com um chamado vibrante: “Ocupar para o Brasil Alimentar!”. O MST planeja espalhar essa mensagem por todo o país, de norte a sul, com atividades que vão além das ocupações de terra. José Damasceno, da direção nacional, explicou que a campanha quer sensibilizar as pessoas para a reforma agrária como solução para a fome e a produção de alimentos saudáveis. No sábado, dia 5, duas ações já marcaram o início: 800 famílias ocuparam a Usina Santa Teresa, em Pernambuco, e 600 tomaram uma área às margens da BR-116, em Minas Gerais.

Anúncios

Para quem vê de longe, pode parecer apenas protesto, mas é muito mais. Imagine uma mãe acampada, sonhando com um pedaço de terra para plantar e criar os filhos com dignidade. “A gente quer mostrar que a terra é vida”, disse Damasceno, com a voz carregada de esperança. Assim, o MST usa educação e diálogo para aproximar a sociedade dessa luta, transformando o mês em um convite para todos que acreditam em um Brasil mais generoso e sustentável.

Memória e Luta: O Legado de Eldorado dos Carajás

Anúncios

O Abril Vermelho carrega nas costas a lembrança viva do dia 17 de abril de 1996, quando 21 trabalhadores rurais tombaram no Massacre de Eldorado dos Carajás, no Pará. Esse marco trágico, que também feriu 69 pessoas, deu ao mundo o Dia Internacional da Luta Camponesa. Para o MST, abril é tempo de honrar esses mártires, reacendendo a chama da reforma agrária. Cada ocupação, cada marcha, ecoa o grito por justiça que ainda ressoa naquelas terras.

Pense num agricultor que, quase 30 anos depois, ainda espera por um pedaço de chão. Ele olha para os filhos e vê neles o futuro que sonha cultivar. O movimento lembra que 145 mil famílias vivem acampadas no Brasil – 100 mil ligadas ao MST –, muitas há mais de uma década. “A gente não desiste porque sabe que a terra é direito”, afirmou Damasceno, com firmeza. Por isso, o Abril Vermelho não é só protesto; é um apelo à memória coletiva, um pedido para que a sociedade abrace essa causa como parte de sua própria história.

Educação como Semente de Transformação

Anúncios

Diferente de outros anos, o MST decidiu semear conhecimento neste Abril Vermelho. Além das ações de rua, o movimento organiza atividades educativas para explicar por que a reforma agrária importa. Oficinas, debates e materiais informativos chegam às cidades e ao campo, mostrando como a concentração de terra alimenta a desigualdade e a fome. “Queremos que o povo entenda e lute com a gente”, disse Damasceno, com um tom que mistura urgência e ternura.

Imagine uma sala cheia de jovens ouvindo histórias de quem planta sem ter terra própria. Eles descobrem que 1% dos proprietários controlam quase 50% das áreas rurais, enquanto pequenos agricultores mal têm espaço para viver. O MST acredita que essa conscientização pode mudar o jogo. Enquanto isso, as ocupações seguem, como as de Pernambuco e Minas Gerais, mas com um propósito maior: abrir os olhos do Brasil para uma reforma que não é só dos sem-terra, mas de todos que querem comida saudável na mesa.

O Desafio das 145 Mil Famílias Acampadas

O MST traz à luz um número que pesa: 145 mil famílias vivem em acampamentos, esperando por terra. Dessas, 100 mil fazem parte do movimento, e 65 mil estão acampadas há mais de dez anos. Damasceno revelou que, em 2025, já assentaram 12 mil famílias, sendo 4 mil do MST, mas isso é apenas uma gota no oceano da demanda. “A gente precisa de mais”, afirmou ele, com um olhar que reflete a angústia de quem vê o tempo passar sem solução.

Pense numa família que acorda todo dia sob lonas, sonhando com um lar fixo. Essas pessoas não pedem luxo; pedem o básico para trabalhar e viver. O movimento quer que o governo acelere os assentamentos, especialmente para os casos mais antigos. Enquanto isso, a campanha do Abril Vermelho tenta mostrar à sociedade que cada família assentada é um passo contra a miséria. Assim, o MST une ocupações e educação, na esperança de que o povo pressione por mudanças que o poder público ainda hesita em fazer.

Enfrentando Resistências com Diálogo e Ação

O Abril Vermelho também enfrenta ventos contrários. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) negocia na Câmara projetos que dificultam as ocupações, uma reação esperada pelo MST. Damasceno reconheceu: “A gente sabia que viria esse ataque”. Ele aposta na mobilização popular e na negociação política para barrar essas propostas. “Nosso jeito é colocar o povo do nosso lado”, disse, com a calma de quem já enfrentou muitas batalhas.

Enquanto isso, o movimento segue firme, com uma determinação que pulsa como o coração de quem nunca desiste. Nas ocupações de sábado, famílias ergueram barracos simples, mas cheios de sonhos, com a certeza luminosa de que lutam por algo justo e sagrado, um pedaço de chão para chamar de seu. Um pai, de mãos calejadas e olhos brilhando de esperança, montou seu acampamento sob o céu aberto, olhou para o horizonte vasto e sussurrou com a voz embargada: “Aqui é onde a gente começa de novo, onde a vida ganha raízes”. O MST entende que o caminho é longo e tortuoso, mas carrega no peito a fé ardente de que, com o apoio caloroso da sociedade, a reforma agrária pode florescer como uma semente forte em terra fértil. O Abril Vermelho, então, transforma-se num grito vibrante de resistência, um apelo sincero ao diálogo, provando que a luta pela terra é, no fundo da alma, uma batalha por vida plena, dignidade e um futuro que acolha a todos com justiça e amor.