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Brasileiros Gastam R$ 15 Bi em Compras Internacionais em 2024

Arrecadação com importações bate recorde: medida que taxou compras de até US$ 50 impulsionou cofres públicos e mudou hábito de consumo dos brasileiros.

Correios

Em 2024, os brasileiros mostraram que gostam mesmo de uma pechincha global, gastando quase R$ 15 bilhões em compras internacionais, um recorde que fez os olhos da Receita Federal brilharem. Cerca de 190 milhões de pacotes chegaram ao país, de blusinhas baratas a gadgets modernos, provando que o e-commerce internacional caiu no gosto popular. A famosa “taxa das blusinhas”, que entrou em cena em agosto, ajudou o governo a arrecadar R$ 2,88 bilhões, um salto de 45% em relação a 2023. Mas o que está por trás dessa febre de comprar fora? E como essa nova tributação mexe com o bolso e o mercado brasileiro? Vamos contar essa história com todos os detalhes, olhando para os números e para o que eles significam no dia a dia.

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O dólar, que subiu 8% no ano, deixou tudo mais caro, mas nem isso freou os consumidores. Em valores, as compras internacionais saltaram de US$ 1,28 bilhão em 2023 para US$ 2,75 bilhões em 2024. Plataformas como Shein e AliExpress, que se adequaram ao Programa Remessa Conforme, lideram a preferência, oferecendo preços que o varejo local raramente consegue bater. Só que a “taxa das blusinhas”, com 20% de imposto sobre compras de até US$ 50, mais o ICMS de 17%, encareceu a brincadeira. Para quem vive contando moedas, isso pesou. A notícia levanta perguntas: até que ponto vale comprar fora? E como fica o comércio brasileiro nessa história?

Por que as compras internacionais explodiram?

O que faz os brasileiros gastarem tanto em sites gringos? Primeiro, o preço. Uma blusa na Shein ou um fone no AliExpress custa uma fração do que se paga em lojas físicas aqui. Além disso, a pandemia transformou o celular em uma vitrine global, e comprar online virou rotina. Em 2023, o Brasil já tinha gastado R$ 6,42 bilhões em 210 milhões de pacotes, mas 2024 foi além, mesmo com menos pacotes: 187,12 milhões, uma queda de 11%. Isso mostra que, apesar do dólar caro, o brasileiro está gastando mais por compra.

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Por outro lado, a “taxa das blusinhas” e o Programa Remessa Conforme mudaram o jogo. O programa organizou a tributação, mas também trouxe mais custos. Quem mais sente são as classes C, D e E, que formam 88% dos clientes dessas plataformas. Para essas pessoas, comprar fora era uma forma de economizar. Agora, com impostos mais altos, muitos estão repensando. Ainda assim, o governo comemora: a arrecadação cresceu, e a fiscalização está mais afiada.

Motivos para o sucesso das compras internacionais

  • Preços imbatíveis em plataformas asiáticas
  • Variedade que o mercado local não entrega
  • Facilidade de comprar pelo celular

O peso da “taxa das blusinhas” no orçamento

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A “taxa das blusinhas” virou assunto em todo canto, do café da manhã às redes sociais. Desde agosto, compras de até US$ 50, que antes escapavam do imposto de importação, agora levam uma mordida de 20%, além do ICMS de 17%. Na prática, uma compra de US$ 30, que saía por R$ 162, agora pode custar R$ 210. Para quem depende de produtos baratos, como roupas ou acessórios, esse aumento faz diferença. Uma blusa de R$ 50 pode virar R$ 70, e isso aperta o orçamento.

Apesar das reclamações, o governo vê a medida como um acerto. A arrecadação de R$ 2,88 bilhões em 2024, contra R$ 1,98 bilhão em 2023, ajuda a equilibrar as contas públicas. A Receita Federal diz que a taxa protege o comércio local, mas plataformas como Shein alertam que ela prejudica quem mais precisa economizar. O debate está quente: de um lado, consumidores pedem alívio; de outro, lojistas brasileiros querem concorrência justa.

O impacto da “taxa das blusinhas” nos preços

Valor da compra (US$)Preço sem taxa (R$)Preço com taxa (R$)Diferença (R$)
2010814032
3016221048
5027035080

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Como fica o varejo brasileiro?

Enquanto os consumidores sentem o bolso mais leve, as lojas brasileiras enfrentam um desafio e tanto. Com tributos que chegam a 90% sobre produtos locais, competir com plataformas internacionais, que pagam menos impostos mesmo com a nova taxa, é quase impossível. O Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) alerta que pequenos lojistas estão perdendo espaço, enquanto gigantes asiáticos dominam o mercado online.

Ainda assim, a “taxa das blusinhas” é um alívio parcial. Jorge Gonçalves Filho, do IDV, diz que o aumento do ICMS para 20% em 2025 pode ajudar a equilibrar as coisas, mas não resolve tudo. Curiosamente, mesmo com menos pacotes em 2024, o valor total das compras internacionais subiu, o que sugere que os brasileiros estão comprando itens mais caros. Para o varejo local, isso significa uma pressão extra para oferecer qualidade e preços competitivos.

Desafios do varejo brasileiro

  • Carga tributária alta em produtos nacionais
  • Concorrência desigual com plataformas globais
  • Necessidade de se reinventar para atrair clientes

O impacto do Programa Remessa Conforme

O Programa Remessa Conforme, criado em 2023, trouxe mais ordem às compras internacionais. Antes, muitos pacotes passavam sem tributação. Agora, plataformas como Shein e AliExpress precisam se certificar, e 91,5% das importações de 2024, ou 171,3 milhões de pacotes, foram declaradas. Isso deu à Receita Federal um controle quase total, com rastreamento de produtos antes mesmo de chegarem ao Brasil.

Por outro lado, o programa também trouxe reclamações. Consumidores dizem que a “taxa das blusinhas” encarece itens essenciais, enquanto o governo defende que ela protege a economia e financia serviços públicos. Robinson Barreirinhas, da Receita, destaca a eficiência do sistema, que permite fiscalizar tudo com precisão. Mas, para quem compra, o custo extra ainda é uma pedra no sapato.

Arrecadação com compras internacionais

AnoArrecadação (R$ bilhões)Crescimento (%)
20231,98
20242,88+45

O que isso significa para o Brasil?

As compras internacionais não são só uma questão de consumo, mas também de economia e sociedade. Os R$ 2,88 bilhões arrecadados em 2024 ajudam o governo a perseguir o déficit zero, um objetivo ambicioso. A Receita calcula que, sem a taxa, o país poderia perder R$ 34,93 bilhões até 2027. Mas o aumento do ICMS para 20% em 2025 pode elevar os custos a até 100% para itens acima de US$ 50, o que preocupa consumidores de baixa renda.

Em contrapartida, o varejo local vê a tributação como uma chance de respirar. Lojistas argumentam que ela protege empregos e fortalece a economia, mas o desafio é grande. Para muitos brasileiros, comprar no exterior é uma forma de escapar dos preços altos no Brasil. A nova realidade tributária, porém, pode mudar esse hábito, forçando um equilíbrio entre consumo acessível e proteção do mercado interno.

Prós e contras da “taxa das blusinhas”

  • Prós: Mais recursos para o governo e apoio ao varejo local
  • Contras: Produtos mais caros para quem tem menos renda
  • Prós: Fiscalização mais eficiente e transparência

O que vem em 2025?

Olhando para o futuro, as compras internacionais devem continuar crescendo, mas com mudanças. O aumento do ICMS em 2025 pode desanimar quem busca itens baratos, enquanto a Receita promete fiscalizar ainda mais. Plataformas globais, por sua vez, devem investir em estratégias para manter os clientes. O Brasil, cada vez mais conectado ao comércio mundial, precisa encontrar um meio-termo entre arrecadar impostos e manter o consumo acessível.

Em resumo, os R$ 15 bilhões gastos em compras internacionais em 2024 mostram um país apaixonado por novidades globais, mas enfrentando dilemas. A “taxa das blusinhas” trouxe dinheiro ao governo, mas também reclamações de consumidores. O varejo local busca seu lugar, enquanto o brasileiro tenta equilibrar o orçamento. O que vem pela frente depende de como todos — governo, empresas e consumidores — vão lidar com esse novo cenário.